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Funceme finaliza Zoneamento Agroecológico da Mesorregião do Sul Cearense

11 de novembro de 2009 - 00:00

Estudo de interesse do Governo do Estado e Banco do Nordeste será publicado em dezembro

 

A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) concluiu a primeira fase do Zoneamento Agroecológico do Ceará, que compreende a Mesorregião do Sul Cearense, envolvendo os municípios de Abaiara, Altaneira, Araripe, Assaré, Aurora, Barbalha, Barro, Brejo Santo, Campos Sales, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Granjeiro, Jardim, Jati, Juazeiro do Norte, Mauriti, Milagres, Missão Velha, Nova Olinda, Penaforte, Porteiras, Potengi, Salitre e Santana do Cariri. Na última semana de outubro a revisão final do produto foi concluída e até dezembro será lançada a publicação.

O estudo teve o apoio financeiro do Banco do Nordeste do Brasil e do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), através do Projeto de Cooperação Técnica BRA/IICA/03/008, tendo como principal interessado a Secretaria das Cidades do Estado do Ceará.

 

O trabalho apresentado é constituído na análise e integração das informações geoambientais caracterizando e espacializando os ambientes em função da diversidade dos recursos naturais e agrosocioeconômicos, privilegiando o recurso solo na determinação das potencialidades e limitações para uso agrícola. Foram identificadas seis unidades de paisagens e vinte e nove unidades geoambientais.

Resultados

 

O estudo concluiu que, na Região, a vegetação de um modo geral encontra-se bastante alterada em vista da ação antrópica. Em certas áreas, já não se encontram vestígios importantes da mata primitiva, a não ser remanescentes esparsos e muito reduzidos, disto resultando verdadeiro desequilíbrio ecológico, acelerando a erosão dos solos e o assoreamento de rios e reservatórios de água. Os solos apresentam uma grande diversidade de associações no entorno sertanejo da depressão periférica meridional, enquanto que na chapada, em razão de uma maior homogeneidade dos processos e fatores pedogenéticos, combinados com uma condição climática mais úmida, ocorre uma menor variabilidade. Em termos de potencialidades e limitações é possível destacar como de maior potencialidade agrícola os Latossolos, Argissolos, Nitossolos e Neossolos Flúvicos. Tais solos apresentam bons atributos físicos e as suas limitações são quase sempre de fertilidade natural e acidez (exceto os Neossolos Flúvicos), que podem ser facilmente solucionadas com o uso de adubação e calagem.

É bom frisar que esses solos são cultivados na região, praticamente, sem o uso de técnicas conservacionistas, situação que se agrava com as ações antrópicas que envolvem desmatamentos desordenados, manejo inadequado dos recursos hídricos e dos solos, aceleração dos processos erosivos, queimadas indiscriminadas, dentre outros. Em síntese, os solos da área têm potencialidades e limitações que refletem na aptidão agrícola e suas correções e manejo dependem fortemente da natureza dos mesmos. Através desse estudo as características de cada tipo de solo passam a ser melhor conhecidas, permitindo, assim, a adoção de um manejo, realmente, adequado.

Segundo Margareth Carvalho, gerente do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Funceme, o Zoneamento abrange uma área de grande importância do ponto de vista agrícola no contexto do Estado do Ceará. “É bastante relevante os estudos ora realizados na Mesorregião Sul Cearense, sobretudo pela capacidade técnica de direcionar, a exploração dos recursos naturais de uma maneira conservacionista. Estas ferramentas podem ser consideradas um instrumento fundamental para subsidiar ações que visem melhorar o planejamento do setor primário da economia, pois orienta, de forma mais eficiente, a ocupação e uso das terras, permitindo uma convivência mais harmônica do homem com a natureza, levando em conta a sustentabilidade ambiental, econômica, social e tecnológica, permitindo, ainda, avaliar melhor o valor da terra”.

Dando continuidade ao Zoneamento Agroecológico do Ceará, os técnicos da Funceme já estão mapeando os solos e analisando as informações geoambientais da área representada pelas Folhas Sistemáticas de Quixeramobim, Jaguaretama e Senador Pompeu. O planejamento da Funceme é, até maio de 2010, mapear, ainda, as Folhas Orós e Iguatu, conforme a figura abaixo. E dependendo da disponibilidade de recursos a intenção é avançar até completar o Zoneamento Agroecológico de todo o Estado.

 

Informações técnicas

 

Os Mapas Temáticos envolvendo a Base Cartográfica, a Compartimentação Geoambiental, o Uso e Ocupação do Solo, a Classe de Terra para Irrigação e os Solos foram elaborados na escala 1:100.000. Foram fornecidas as informações necessárias, básicas para o Zoneamento, referentes às características e distribuição geográfica das classes de solos que constituem a área. Nesta fase a Funceme contou com a colaboração da Embrapa Solos (UEP Recife) ligada ao Centro Nacional de Pesquisa de Solos – Unidade de Execução de Pesquisa e Desenvolvimento, com toda sua experiência na área de pedologia e estudos do meio ambiente. Complementando os estudos foi realizado, ainda, um Diagnóstico da Qualidade Ambiental da Região do Araripe, Cariri e entorno em convênio com a Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura – FCPC.

 

O nível de informações contidas em um Zoneamento Agroecológico é muito maior que do Zoneamento Climático, pois além das informações de clima agrega também vários outros temas de forma sistêmica, tais como: solo, recursos hídricos, potencial de terras para irrigação, aptidões pedoclimáticas por cultura (exigências dos cultivos em relação ao solo e ao clima), geologia, geomorfologia, socioeconomia, infraestrutura, áreas de proteção ambiental, entre outros temas.

A Mesorregião do Sul Cearense representa um dos mais importantes setores do contexto geográfico, socioeconômico, paleontológico e cultural do estado do Ceará. Ocupa uma área equivalente a 14.800 Km2, correspondendo a 10% do território estadual e abrigando um continente demográfico de 789.262 habitantes e 25 municípios. As unidades de paisagem identificadas foram Chapada do Araripe e Patamares de Entorno, Superfícies Tubulares com Coberturas Detríticas, Vales Úmidos, Vales Secos, Maciços e Cristas Residuais e Sertões da Depressão Periférica Meridional do Ceará.