Ceará encerra quadra chuvosa de 2025 com 55% de volume armazenado em seus reservatórios

4 de junho de 2025 - 12:24

Em uma análise mais aprofundada, verificou-se que 59,4% do território ficou na categoria abaixo da média, tomando áreas do interior do estado, principalmente. (FOTO: SRH/Divulgação)

Em uma análise mais aprofundada, verificou-se que 59,4% do território ficou na categoria abaixo da média, tomando áreas do interior do estado, principalmente. (FOTO: SRH/Divulgação)

Com a conclusão da quadra chuvosa de 2025 o Ceará registra 55% de sua capacidade total de armazenamento hídrico preenchida, o que representa cerca de 10,2 bilhões de metros cúbicos de água nos 157 reservatórios estratégicos monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Embora o índice seja semelhante ao registrado no mesmo período do ano passado, o volume de chuvas que chegou aos reservatórios foi inferior em 2025. Os dados foram apresentados nesta quarta-feira, durante coletiva de imprensa na sede da Secretaria dos Recursos Hídricos.

O secretário dos Recursos Hídricos, Fernando Santana, reforça a gestão do Sistema dos Recursos Hídricos cearense para garantir segurança hídrica em todas as regiões. “Hoje, nós trabalhamos de forma integrada com diversos órgãos estaduais e federais para ter a garantia que todos os municípios serão atendidos. Seja com obras da Cagece, intervenções da SRH, Cogerh e Sohidra ou com atendimentos de outros órgãos como Defesa Civil e Sisar, é feito um trabalho de gestão conjunta e participativo, através dos Comitês de Bacia, que garantam diversificação da matriz hídrica e abastecimento a nossa população”.

O aporte hídrico (volume de água que efetivamente entrou nos reservatórios) foi de 5,87 bilhões de metros cúbicos neste ano. Mesmo com uma quadra chuvosa menos generosa, alguns resultados foram positivos, como o retorno da sangria do Açude Orós, o segundo maior do Estado, que voltou a transbordar após 14 anos. A última vez que o fenômeno havia ocorrido foi em 2011. A recuperação do reservatório foi impulsionada por chuvas concentradas em sua bacia de contribuição.

Regiões como Acaraú, Coreaú, Litoral, Metropolitanas, Serra da Ibiapaba, Curu e Alto Jaguaribe apresentaram situação considerada “muito confortável”, com volumes acima de 70% da capacidade total.

O presidente da Cogerh, Yuri Castro, destacou as Bacias Metropolitanas, que registraram o maior aporte hídrico dos últimos 20 anos, com entrada de 911,4 milhões de metros cúbicos em seus 23 reservatórios monitorados. “Esses bons resultados garantem segurança hídrica para a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), que pelo quinto ano consecutivo não dependerá do Açude Castanhão para abastecimento”, assegurou o presidente.

Apesar dos bons indicadores em diversas áreas, algumas regiões ainda demandam atenção. A bacia hidrográfica dos Sertões de Crateús finalizou a quadra com apenas 20% da capacidade hídrica acumulada. Já o Banabuiú, que chegou a secar entre 2015 e 2018, está atualmente com 36%, enquanto o Médio Jaguaribe, onde se localiza o Castanhão, maior açude do Estado, acumula apenas 30%.

O Castanhão, que em 2018 atingiu seu volume mínimo histórico de 2,1%, registra hoje 29% de sua capacidade total. Mesmo assim, sua utilização para o abastecimento da capital cearense permanece suspensa, graças ao bom desempenho dos açudes Pacoti, Pacajus, Riachão e Gavião, que continuam garantindo o fornecimento de água à RMF.

Balanço de chuvas

As chuvas da quadra chuvosa de 2025 ficaram em torno da média, conforme balanço da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

De fevereiro a maio, o observado para o Ceará como um todo foi de 517,6 milímetros, o que representa um desvio negativo de 15%. A categoria “normal” vai de 512,5 mm a 705,9 mm.

O cenário observado vem em conformidade com o prognóstico da Funceme, que apontava maior possibilidade de precipitações dentro da normalidade, principalmente no trimestre principal (fevereiro a abril), mas com chuvas irregulares ao longo do estado.

“A previsão de janeiro apontava como cenário mais provável, foi justamente a categoria observada. Apesar disso, nós temos que reconhecer que tivemos uma grande variabilidade espacial, com chuvas acima da normalidade, apenas em algumas regiões mais próximas à costa e também na região do Orós, que acabou impactando favoravelmente ao aporte do reservatório e promovendo a sua sangria. Mas, em termos espaciais, nós vemos uma grande área em vermelho que indica aquelas áreas do estado do Ceará que ficaram na categoria abaixo da média”, comentou o presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos, Eduardo Sávio Rodrigues.

Em uma análise mais aprofundada, verificou-se que 59,4% do território ficou na categoria abaixo da média, tomando áreas do interior do estado, principalmente. Os maiores acumulados ficaram concentrados na porção mais norte do estado, majoritariamente entre os litorais de Fortaleza e Pecém, cujos observados foram 936,1 mm e 693,1 mm, respectivamente.